A revolução silenciosa que está reiventando nossas cidades (e seu negócio imobiliário também) 

A revolução silenciosa que está reiventando nossas cidades (e seu negócio imobiliário também) 

Você já parou para calcular quantas horas da sua vida se perdem no trânsito? Em deslocamentos estéreis entre trabalho, casa e lazer? Pois essa dor urbana é o combustível da maior transformação imobiliária deste século: os projetos multiuso. Eles não são apenas edifícios — são ecossistemas vivos onde pessoas habitam, trabalham, consomem e recarregam em um mesmo raio de ação. 

Em São Paulo, epicentro desta revolução, apartamentos em complexos multiuso variam de R$ 420 mil a R$ 4 milhões. Mas o valor real vai além do preço por m²: é a otimização radical do tempo humano. Estudos confirmam que moradores desses hubs reduzem em até 30% o tempo em deslocamentos — horas que se convertem em produtividade, convívio ou simplesmente vida. 

O Segredo? Pesquisa Vocacional: a bússola invisível 

Um projeto multiuso sem pesquisa de mercado é como um navio sem radar. A verdadeira inovação não está no concreto, mas nos dados que orientam sua concepção. Pesquisas vocacionais revelam: 

– Quais usos se sinergizam (ex.: torres corporativas + food halls premium atraem profissionais de alta renda); 

– Como equilibrar funções para evitar conflitos (residencial vs. entretenimento noturno); 

– Onde posicionar serviços-chave (clínicas de saúde em complexos com perfil etário maduro). 

Em Porto Alegre, o Trend City Center — pioneiro nesse modelo — esgotou unidades rapidamente porque entendeu essa lógica. Seu segredo? Mapear demandas ocultas antes de desenhar a primeira planta. 

O dilema da governança urbana 

A ascensão desses projetos tensiona um paradoxo: como integrar microssociedades autossuficientes ao tecido urbano aberto? Especialistas alertam: sem planejamento, eles podem reforçar bolhas de privilégio. A saída está em desenhos que estimulam o fluxo externo: praças públicas no térreo, centros culturais acessíveis e conexões com transporte massivo. Como no Paseo Alto das Nações (SP), onde o metrô integrado democratiza o acesso. 

O futuro é híbrido (e exige coragem) 

Com a demanda por escritórios em queda (-20% até 2030) e o comércio físico sob pressão, os multiusos surgem como antídoto. Eles reciclam funções obsoletas — como silos industriais convertidos em hubs criativos (case Copenhague) — e respondem ao novo mantra urbano: “15 minutos a pé”. 

Mas atenção: replicar fórmulas é risco mortal. Cada território tem uma alma. Descobri-la exige escavar dados, hábitos e sonhos locais. Quando a pesquisa vocacional acerta, o resultado não são prédios — são células urbanas pulsantes. E nelas reside o próximo salto de valor do seu portfólio. 

Pare de vender metros. Comece a viver minutos. Fale conosco!

Por Adriano Sampaio, CEO da Duplamente Inteligência